Minha alma caiu.
Mil pedaços partidos, como num caos ordenado, mas ao mesmo tempo silencioso, se espalharam pelo chão. Minhas mãos trémulas nem queriam acreditar. Como foi possível? Era tamanho, o estrago. Senti um arrepio percorrer-me a alma, pois sabia que já não havia volta a dar. Estava feito. Podia correr, saltar ou até gritar, mas nada daquilo que pensasse fazer me ia fazer sentir melhor, ou pelo menos mais aliviado. A dor , embora fosse suportável, era bastante incómoda. Mas também há a plena consciência de que a roda do moinho que vai rodando ao sabor de águas tão calmas, mais cedo ou mais tarde, trará adesivos suficientes para montar o puzzle desfeito. E com mais uma dúzia de voltas, só um olhar mais atento poderá distinguir as cicatrizes cicatrizadas. É estranho, as vezes o que um simples acontecimento nos faz meditar. Mesmo a mais pequena situação pode esmurrar-nos a cara como um daqueles socos secos em cheio na cara de um "boxeur".