sábado, 24 de janeiro de 2009

Capitulo II


Minha alma caiu.
Mil pedaços partidos, como num caos ordenado, mas ao mesmo tempo silencioso, se espalharam pelo chão. Minhas mãos trémulas nem queriam acreditar. Como foi possível? Era tamanho, o estrago. Senti um arrepio percorrer-me a alma, pois sabia que já não havia volta a dar. Estava feito. Podia correr, saltar ou até gritar, mas nada daquilo que pensasse fazer me ia fazer sentir melhor, ou pelo menos mais aliviado. A dor , embora fosse suportável, era bastante incómoda. Mas também há a plena consciência de que a roda do moinho que vai rodando ao sabor de águas tão calmas, mais cedo ou mais tarde, trará adesivos suficientes para montar o puzzle desfeito. E com mais uma dúzia de voltas, só um olhar mais atento poderá distinguir as cicatrizes cicatrizadas. É estranho, as vezes o que um simples acontecimento nos faz meditar. Mesmo a mais pequena situação pode esmurrar-nos a cara como um daqueles socos secos em cheio na cara de um "boxeur".