domingo, 25 de janeiro de 2009

Capitulo XXXIII


E o barco finalmente saiu.
Ao embarque, todos nos seus devidos lugares. Eu, tu e a nossa vontade deslizávamos juntos naquelas águas de paixão. Ondas calmas de prazer nos invadiam a alma, sempre com a cadência certa e ao ritmo programado. O céu de tão azul, queimava-nos o rosto e o sal da água entorpecia-nos a língua. Nem o leme do barco cedia à tentação de se voltar contra a corrente da nossa loucura. A transparência era clarividente, tanto que se viam centenas de pequenos elementos do rio, que nos acompanhavam em doces silvos gritantes de quem se procura afogar mesmo não sabendo nadar. Várias eram as pontes que nos olhavam com desdém. Várias eram as pontes que nos viam passar. Aquele apoio era uma constante ao longo das margens.
E mesmo as margens nos olhavam de lado, como se se sentissem desconfiadas da nossa natureza tão verde mas ao mesmo tempo pronta para a colheita.